segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Esquizofrenia pode ser prevenida

Esquizofrenia pode ser prevenida, diz especialista em entrevista à Folha, cotidiano c7, de 2 de novembro. É preciso achar formas de detectar sinais iniciais da doença para impedir manifestação do primeiro surto, afirma médico britânico.


Esquizofrenia, transtorno mental cercado de estigmas e que atinge cerca de 1% da população, pode ser prevenida ou, pelo menos, ter seus sinais diminuidos.

É o que apontam as novas pesquisas, segundo o psiquiatra Philip McGuire, diretor do departamento de estudos de psicoses do King's College (Inglaterra), que conversou com a Folha durante o 28º Congresso Brasileiro de Psiquiatria.

Para Philip a ideia é tentar prevenir o começo da doença. A esquizofrenia geralmente aparece por vota dos 20 anos. Antes disso, há uma “fase prodrômica”, caracterizada por sintomas mais brando: algum grau de isolamento, sinais atenuados de uma paranoia, mas que não chegam a mudar o comportamento da pessoa. São sinais sutis que podem ser detectados antes do primeiro surto. Há estudos que mostram que há chances efeicazes de prevenir a doença se ela for detectada na fase prévia. A intervenção psicológica e o uso de antipsicóticos e ansiolíticos em doses menores poderia reduzir os sintomas e até prevenir o aparecimento da psicose. Mas as pesquisas ainda estão na fase inicial.

Continua o médico britânico, em entrevista ao jornalista da folha:

Há um esforço para classificar as desordens psicológicas como esquizofrenia e o transtorno bipolar. Há quem pense que elas são tão próximas que são a mesma psicose, mas com dimensões diferentes. E como a classificação é feita por observação clínica, deixa o diagnóstico aberto a interpretações.

Folha – Em 2001, o Brasil aboliu os manicôminos, com a reforma psiquiátrica. O Senhor é contra internar esquizofrênicos?

Algo similar aconteceu na Inglaterra, há 20 anos. Transferiram os serviços clínicos para comunidade e só os pacientes mais graves são internados. A ideia é positiva, mas tem desvantagens, principalmente para a família do paciente. Tratá-lo acaba se tornando um fardo, porque haverá alguém sobrecarregado cuidando dele. Há também um problema logístico para os serviços clinicos: os médicos têm de ir até o paciente na comunidade, em vez de ficarem no hospital.

O consumo de maconha pode desencadear a esquizofrenia?

Há controvérsia se o uso regular aumenta os riscos. Temos estudos que sugerem que quem fuma maconha, especialmente antes dos 15 anos, pode aumentar o risco de desenvolver a esquizofrenia no futuro. Mas é controverso. O certo é que, no portador de esquizofrenia que consome a droga, os efeitos são piores.

A agressividade faz parte da doença ou isso é mito?

Na média, esquizofrênicos são pouco sucetíveis à violência. Porém, muitos casos de pacientes que cometem atos violentos viram notícia, e o resto leva a fama. Mas, no geral são retraidos, não querem interações. A relação entre esquizofrenia e violência não é verdadeira.

A violência poderia ser atenuada pelo tratamento?

Sim, porque a medicação atua nos sintomas. Se o paciente está tendo um delírio persecutório, então ele pode estar mais suscetível a se comportar de forma violenta.

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